Quer saber se vale a pena adiar o divórcio?
Depende da composição da família e do tipo de divórcio que será feito. Aqui vamos abordar apenas algumas possíveis consequências no aspecto familiar.
Talvez você esteja em dúvida sobre se separar agora ou adiar um pouco, e essa dúvida normalmente é maior quando o casal tem filhos, por isso vamos fazer algumas considerações sobre o tema.
Vamos supor que um casal perceba que a relação já chegou ao fim, mas o casal opta por continuar junto e decide adiar a separação "em nome dos filhos".
De acordo com estudos realizados por terapeutas de casal e de família, essa justificativa costuma vir com argumentos de que "nosso filho vai prestar vestibular este ano e o divórcio pode prejudicá-lo", ou... "ela é muito pequena e vai ficar traumatizada" ou ainda... "agora não é um bom momento, eles acabaram de mudar de escola e estão se adaptando".
Não importa qual seja o discurso, na prática, essa é uma decisão que não costuma fazer bem aos envolvidos - muitos menos aos filhos. Alegações desse tipo costumam aparecer como “desculpas” muitas vezes com razão, mas que tem como verdadeiro motivo postergar a decisão de encerrar o casamento, seja por conta do medo, da insegurança ou do comodismo.
Muitos casais, principalmente aqueles que já têm certo tempo juntos, permanecem numa situação extremamente infeliz com medo de enfrentar uma mudança de vida. Nessa hora bate o medo de perder a estrutura consolidada da família que, mesmo infeliz, representa sua identidade social e sua sustentação emocional.
Portanto, adiar uma separação em um determinado momento pode ser uma decisão boa. O problema é quando os adiamentos e desculpas são constantes, porque as pessoas acham que o tempo irá resolver o que de fato é responsabilidade do casal.
Desta forma, adiar pode até trazer alívio, mas um alívio temporário. E, as consequências só irão fragilizar ainda mais o relacionamento, podendo ocorrer sentimento de culpa, aumento da ansiedade e também dos conflitos entre o casal.
Inclusive, pode acabar influenciando negativamente na vida pessoal de cada um, na dinâmica familiar e na rotina dos filhos, que irão conviver diariamente num clima tenso. Pois, as mágoas e os ressentimentos vão se acumulando, e a raiva e a insatisfação passam a minar os cônjuges por dentro. Ambos podem até adoecer, física ou emocionalmente, ou em algum momento "explodirem" - o que acaba sendo pior para todos, inclusive, e principalmente, para os filhos.
Sobre as Crianças
Alguns casais acreditam que a inocência e a falta de maturidade das crianças fazem com que elas não percebam o que acontece entre eles. Mas, mesmo quando não há brigas nem confrontos verbais, é possível que elas notem, sim, o que está acontecendo.
Sentir o clima ruim sem que isso seja explicado faz com que as crianças acabem fantasiando a situação e, inclusive, passem a se culpar por tudo aquilo que está havendo com os pais.
Da mesma forma, estão enganados aqueles pais que optam por manter uma relação de fachada, achando que os filhos não irão perceber que existe uma crise. Isto porque, mesmo antes de ocorrer a separação de fato, a separação emocional já será evidente e perceptível através das relações conflituosas ou do clima tenso entre ambos, ainda que o casal permaneça em silêncio.
Crianças e adolescentes nessas circunstâncias costumam ficar confusos com a falta de coerência entre o que percebem e o que é falado. Isso pode, em alguns casos, causar um problema sério na formação da personalidade dos filhos.
Outra coisa, crianças obrigadas a viver uma espécie de 'faz de conta' provavelmente irão reproduzir esses comportamentos aprendidos na fase adulta, podendo adotar um padrão de não enfrentamento da realidade e de fuga dos problemas.
Não há um padrão de comportamento de crianças e adolescentes após uma separação dos pais. Então, a maneira como cada um irá reagir e se ajustar à nova realidade dependerá diretamente de como os pais irão lidar com o fim do casamento, de como vão interagir entre si e com os filhos, e como estes percebem a separação.
De forma geral, os pais devem explicar, de acordo com a fase de desenvolvimento dos filhos, que eles não foram a causa da separação. Devem, ainda, respeitar o tempo emocional de cada um para transmitir segurança e amor.
Por fim, apesar da boa intenção dos pais em permanecer juntos para proteger os filhos, o resultado pode ser o contrário e muito ruim para os seus filhos. Da mesmo forma, a qualidade da relação com os filhos podem até melhorar após o divórcio, criando oportunidades nunca antes imaginadas.
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